19 janeiro 2010

Preso na Imigração

Já contei bastante coisa sobre algumas viagens que já fiz, e sempre escuto das pessoas que viajei demais na minha vida. Eu, particularmente acho pouco. Sem querer ser arrogante nem nada, mas estou perto dos 30 anos, e posso dizer que fiquei o que? Quase 4 anos no exterior? Isso corresponde nem a 15% do meu tempo de vida, e a tendência é apenas diminuir não? Afinal, quanto mais velhos ficamos, menos tempo temos de largar tudo e “cair” no mundo como é possível fazer quando se tem 18 anos, 23 anos, até 2 a 4 anos depois de formado. Depois disso vem a responsabilidade de um bom emprego, um bom carro, família (e própria, não mais pai e mãe), talvez filhos, e casa própria. Então aquela história de sair para o mundo por 3 meses, ou 6 meses, ou ainda, quem sabe, 1 ano, fica cada dia mais difícil de acontecer.


Mas não era isso que eu queria dizer. Acho que nunca contei como ficamos (eu e o meu little brother) presos na imigração na entrada da Alemanha, durante algumas horas, contei?
Vínhamos de Londres (onde ficamos apenas 5 dias a turismo, andando para cima e para baixo de roller pela cidade para economizar em transporte público, e hospedados na igreja onde uma amiga minha - da época da Dinamarca - morava) com destino Frankfurt. Já estávamos na Europa há 80 dias (acho que era perto de 90 dias mesmo, que é o tempo máximo permitido por lei para um turista permanecer na Comunidade Européia) e ao mostrar meu passaporte para o fiscal da imigração, ele me mandou ir para a “salinha”. Aquela “salinha” que todo mundo teme, que a maioria que vai para lá não chega a entrar no país, mas sim retorna no próximo vôo para o país de origem. Assim que ele me parou, chamei meu irmão. Ele já tinha passado (vai entender porque ele não teve problemas e eu tive né?! Falo isso porque desde que saímos do Brasil, estávamos juntos o tempo todo, pelo menos até àquela época quando ficamos "presos" na imigração) pelo fiscal da imigração em outro guichê, e voltou para me ajudar. Resumindo, fomos os 2 para a “salinha”.

Estavam chamando um tradutor alemão – português mas o Elton falava fluentemente o alemão, e tentou de todas as formas possíveis e impossíveis se comunidar em alemão mesmo. Até porque este tradutor não parecia nem um pouco simpático com a nossa causa. Eu fiquei fora da “salinha”, sentada no chão do corredor mesmo (não tinha nada de luxo ali, na verdade havia uma cela e alguém dentro) e eu estava ali parada, esperando a conversa terminar.... com fome e sono.


Resumindo: depois de mais ou menos 3 a 4 horas, o Elton conseguiu convencer o oficial de que não estávamos ainda há 90 dias na Comunidade Européia, isso graças a nossa mania (dele principalmente, até porque tinha muitas páginas em alemão e inglês - eu sempre preferi escrever em português) de fazer diário nas viagens e de guardar tickets de trem e avião. Tínhamos ficado alguns dias na Dinamarca, e este país não faz parte do Acordo Schengen. Sempre falando em alemão mesmo, explicou que estávamos indo em direção a Itália, onde queríamos ficar 2 meses e nos encontrar com nossos pais, e mais tarde ir para a Índia. Com a ajuda do diário e das provas de que realmente havíamos ficado fora da Comunidade Européia, ele nos liberou na condição de solicitarmos a renovação do visto de turismo, para não haver problemas futuros. : -)


Bem, não desejo para ninguém a situação pela qual passamos, e se um dia alguém ficar preso na imigração, fica aquele ditado: “quem não deve não teme”. Isso ajuda e muito a manter as pessoas do nosso lado quando mais precisamos! Ah sim, para quem quer ouvir a mesma história na versão “my little brother”, o blog dele é www.multicidadao.blogspot.com. Ele conta de uma maneira mais light a coisa... é que ele ficou na posição de negociador né? Eu fiquei na posição: “o que der, deu” ali sentada no corredor esperando o “veredicto”.


Evelise Hubner

Intercâmbio e suas Diferenças

Às vezes entro no orkut e em algumas comunidades para ler o que as pessoas querem saber, as reclamações “do momento”, as dúvidas e argumentos que usam para justificar suas opiniões e visão do que viveram, e é interessante como a “falta de comunicação” ainda é o maior problema de tudo. Tem gente que acha até hoje que intercâmbio é apenas quando vai fazer o high school, quando se tem entre 14 e 18 anos. Intercâmbio é toda maneira de vivenciar outra cultura, de conhecer de perto a cultura local e tentar ao máximo fazer parte dela nos dias, semanas, meses ou anos em que se está viajando. Não tem limite de idade.


Eu falo isso porque hoje a viagem ao exterior está tão abrangente que muitos ainda não se deram conta disso. Pode-se viajar para estudar apenas por 2 semanas e ficar na casa de uma família mesmo assim por exemplo, ou ainda uma pessoa de 70 anos pode resolver estudar alemão em Berlim por uns 2 meses agora que está aposentado, aos 31 anos de idade pode-se fazer estágio remunerado nos EUA de 1 ano por exemplo, aos 48 anos pode-se ir para o Peru fazer um trabalho voluntário nas férias da empresa de apenas 3 semanas e aina praticar o espanhol, aos 21 pode-se trabalhar legalmente nos EUA por até 4 meses desde que seja universitário e com inglês intermediário, aos 13 anos pode-se ir para Toronto estudar inglês por 3 semanas e ainda passear em Nova York por 4 dias, aos 19 anos uma moça pode-se morar e trabalhar legalmente na Holanda cuidando de crianças e viajar pela Europa nos dias de folga, aos 35 anos um casal pode passar 2 semanas fazendo trabalho voluntário na Índia, etc.


É importante entender que as opções que existem são gigantes e na verdade quase ilimitadas, mas é preciso olhar para si mesmo e ver onde você (ou poderia ser eu por exemplo) vai se encaixar. Com a idade, alguns programas ficam inacessíveis, com a falta de conhecimento e fluência do inglês outros se tornam impossíveis de fazer, a falta de tempo para ficar fora também pode não ajudar. E claro, quanto estou disposto a investir em mim mesmo e qual é a minha meta para o próximo ano ou para os próximos 5 anos.

Quem não sabe o que quer, não consegue apreciar o que o caminho que vai traçando pode te dar. Quem não sabe onde quer chegar, também não pode reclamar para que lado a vida te levar.


Agora, antes das pessoas saírem falando o que é ruim ou bom, ou julgando o que é caro ou barato, é preciso pesquisar, ler e se informar a fundo. Os preços sempre vão variar de programa para programa, então não se pode comparar que um estudante gastou apenas 3 mil reais para fazer um estágio de 5 meses na Europa e ainda vai receber um salário durante este período do estágio com um programa de quem vai estudar inglês 5 meses no Canadá e morar em casa de família durante este período todo. Sem contar que quando se fala em algum programa é importante dizer o nome do que se está fazendo (colegial, curso de de 2 meses, estágio remunerado na Alemanha, curso de 6 meses na Irlanda, trabalho em acampamento nos EUA, etc.). Isso evita confusões em qualquer lugar (principalmente nos sites de relacionamentos) e nem é tão difícil assim.
Evelise Hubner