24 agosto 2009

Como Viver em Casa de Família no Exterior

Muitos que entram na agência perguntam como é uma casa de família, o que esperar e se é bom ou ruim. Claro que esta é a pergunta que todos querem saber: “é bom?”. Ou melhor: “vale a pena”? E a resposta é sempre: DEPENDE.
Por que é tão importante este “depende”? Simplesmente porque são pessoas, são famílias, e cada uma é diferente da outra, sem contar que nós somos distintos uns dos outros.

Agora fiquei novamente mais 3 semanas em uma casa de família na Inglaterra, e no fundo eu não tenho nada para reclamar, mas isso sou eu, é claro! Sujeira? Sim, e dái!? Eu sempre falo que as pessoas deviam ser jogadas para fora da casa dos pais ao completarem 18 anos, apenas para aprenderem a viver e a se virar. Não com o objetivo de sofrer, mas para saber o que é pagar contas em dia, ligar para empresas por causa de algum serviço mal feito ou inadequado (como luz, telefone, internet, conserto de geladeiro, fogão, etc), trocar roupa de cama e banho semanalmente e ainda lavar (não vale ter empregada que faça isso!), cozinhar e limpar, e assim vai. Bem, numa família no exterior tudo isso é feito de acordo com a realidade deles, de acordo com o que viveram e vivem.

E aí é que mora o X da questão: “eu sei respeitar isso?” Você sabe respeitar as culturas? E não estou falando só de culturas diferentes entre países, mas entre pessoas.

Tem família em que a mãe até escolhe a roupa que os filhos vão usar naquele dia. Tem pessoas que chegam em casa e vão espalhando “parte do corpo” como sapato, mochila, bolsa, celular, chaves, blusa... pela casa inteira, e sempre tem alguém que vai atrás recolhendo. Tem pessoas que pega roupa molhada e joga dentro do cesto de roupas sujos (isso mofa para os desavisados!!) e alguém só passa lá depois de 5 dias para ver o estrago que foi feito. Tem famílias que pega metade da comida que cozinha e dá para os cachorros, a outra pega tudo que sobra (e suficiente para outro “batalhão”comer) e joga tudo fora. Tem gente que limpa a casa 2 vezes por dia com água sanitária e tudo mais de limpeza pesada possível, e tem gente que só limpa a casa a cada 2 meses. Tem meninas (que isso é coisa de mulher muito mais que de homem) que não tem a capacidade de tirar aquele cabelo nojento (porque, venhamos e convenhamos, é nojento demais isso) do ralo quando toma banho, e isso vai se acumulando por dias.... semanas... meses... até entopir tudo! Tem famílias em que os pais estão tão acostumados a discutir entre si em qualquer ambiente, principalmente na frente dos filhos, que uma pessoa de fora que nunca viu pode achar que estão se matando. Tem filhos que não respeitam os pais por nada neste mundo!

Aí, eu pergunto: “como será a família no exterior? “ Provavelmente cheia de falhas também.... algumas mais sensíveis ao tipo de ambiente que você foi criado, outras menos. Eu já aprendi que não importa como a família seja, eu sei que o meu espaço naquela casa tem que ser conquistado por mim. Não é porque eu paguei por um serviço que serei a princesa da casa.

Quando fiz aquela viagem maluca com o meu irmão pela Europa, em 2000, ambos sabíamos que toda vez (isso era coisa de 24 horas por dia, 7 dias na semana) quem estávamos com alguém, precisávamos conquistar aquela pessoa. Favor ou não, pago ou não, as pessoas não são obrigadas a gostar da gente. Aliás, se não fizermos nada para que isso aconteça, porque vão gostar de mim? Do que sou? Apenas mão tem amor incondicional! Ah sim, e o cachorro! Por que por mais que você fale “fora” e “sai para lá”, eles sempre voltam loucos por uma atenção da gente!

Então, quando você for viajar para o exterior – e isso serve para visitar a sua sogra, ou a casa dos pais do seu melhor amigo, ou qualquer outra pessoa – faça com que as pessoas gostem de você. Se estão cozinhando, mesmo sendo tudo diferente ou com hábitos nem sempre aprovados por você, sente numa cadeira na cozinha e puxe conversa. Deixe que falem! Pergunte e mostre interesse pelas respostas! No final do jantar, demonstre interesse em ajudar de alguma forma, guardando os ítens utilizados (como sal, pimenta, azeite, etc.) no armário, por exemplo. Ou levandos os pratos sujos até a pia ou até a lavadoura de louça. Se a família diz que não pode tomar banho depois das 10 da noite, não tome!! Não é a sua casa e nem os seus pais!! Se a família diz para não andar em casa de sapatos, não ande!! Se vai sair de noite com os amigos e não vai jantar, avise com antecedência, e não uma ou duas horas antes do jantar! E se não avisar, lembre-se que é todo direito da família de ficar brava ou chateada com você. Aprenda isso para a próxima vez! Se quer lavar roupa de cama e banho, pergunte educadamente quando você pode fazer isso, e se precisa comprar algum material de limpeza para isso. Se a casa não está maravilhosamente bem limpa como você está acostumado na sua casa, adapte-se. Se no almoço eles comem sanduíche, adapta-se! Se a sua família falou que você não deve correr sempre para o quarto assim que chegar da escola, pense que este é a oportunidade de ouro que você tem para conversar com outros membros da família, ou ainda aprender a fazer algo na casa. Se eles comem apenas cereal de manhã no café e não tem pão francês, adapte-se! Se no jantar sempre tem batata, pense que aqui no almoço sempre tem arroz! Se estragou algo dentro da casa, não reclame se a família vier cobrar! Imagine se fosse o contrário, algum estudante na sua casa quase bota fogo em tudo porque deixou o fogão ligado, ou porque deixou a capinha ligada em cima do tapete do quarto. (Uma estudante fez isso agora em julho na Inglaterra, queimou o carpet do quarto com a chapinha dela, e também quebrou o espelho. Alguém já fez as contas de quanto custa para trocar todo o carpet de um cômodo na sua casa? Ou para situar melhor, imagina que na sua casa tenha um tapete que custou 2 mil reais, e alguém queima o mesmo com cigarro. Tem como trocar só a parte em que foi queimado? Ou ficar com um tapete tão bonito que já não vale nada? Se o banho é só de 10 minutos, adapte-se!

Vida de intercambista não é fácil mas é muito divertida! Pelo menos aquele que a commpreende a tempo volta cheio de histórias divertidas para contar, cheio de fotos com pessoas que conheceu, cheio de e-mails e endereços de pessoas que não quer perder o contato nunca mais. E lembre-se que as pessoas são diferentes sim, e se não o fossem, seria tudo muito sem graça!
Evelise Hubner