30 dezembro 2009

Trabalho nos EUA - temporada 2009 - 2010

A maioria dos estudantes da CI Maringá já embarcou para os EUA, e acredito que de um modo geral, não só de Maringá, mas de todo o Brasil. Agora começa a fase mais difícil, pelo menos no meu ponto de vista, onde se a pessoa não for ágil, madura, e otimista, fica difícil viver estes 3 ou 4 meses longe do Brasil.

Eu mesma passei por isso, e a primeira semana (na verdade os 10 primeiros dias) foram os piores da minha vida. Tudo bem que é exagero dizer os piores da minha vida, mas tudo é tão intenso quando estamos morando longe do nosso "ninho", num país desconhecido, vivendo uma vida que teoricamente não "nos pertence", tudo fica maior, tudo toma proporções gigantescas! Bem, eu cheguei a ligar para a minha mãe e dizer que queria vir embora... Sabe o que ela disse? "De jeito nenhum! Você vai ficar aí até o final (seriam 4 meses de trabalho no meu caso, nada menos que isso) e ainda tem que juntar todo o dinheiro que eu emprestei. Nem adianta chorar que é para ficar aí mesmo! Não era isso que você tanto queria? Agora aguenta minha filha!" Rsrsrsrsrs.

Tudo bem que hoje é engraçado (na verdade no final do meu programa, lá por abril mesmo, eu já ria muito desse episódio), mas que na hora eu chorei muito e amaldiçoei todos que podia, isso eu fiz! Como eu conhecia a minha mãe mesmo, e sabia que não teria jeito de voltar em apenas uma semana de "intercâmbio", resolvi seguir adiante e fazer dinheiro mesmo. Na verdade, não só fazer dinheiro, como conquistar meu espaço lá. Claro que aos 22 anos nada disso é assim tão claro e objetivo, como uma estratégia a ser seguida dentro de uma empresa, mas que a partir daquele momento minhas atitudes mudaram, e minha visão geral amadureceu, foi fantástica a experiência.

Eu falo isso porque realmente, daquele momento em diante eu só conheci americanos (que sem modéstia a parte, gostaram muito de mim e eu deles), fiz amigos americanos (brasileiros a gente faz amizade aqui não?), viajei, trabalhei feito uma condenada em busca de absolvição (nas últimas semanas cheguei a trabalhar mais de 90 horas na semana, juntei a grana que devia pagar para a minha mãe e mais dinheiro para mim (porque ninguém merece trabalhar tanto e não conseguir nada para si mesmo certo?!), conquistei meu espação no departamento do hotel onde trabalhava, pratiquei muito o inglês, e aprendi, aprendi, aprendi!

Aí, agora vejo todos estes estudantes, com a mesma idade que um dia eu tive, alguns até mais jovens, iniciando o mesmo processo que um dia eu passei, e é como se a gente pudesse reviver um pouco das emoções e sensações. Tudo bem que isso soa meio velho, mas é a pura verdade! Este ano quem está lá é a minha irmã (a caçula de nós 3), e não importa o quanto a gente ensine e fale, cada um vai viver suas experiência por si mesmo! Mas o que queria mesmo dizer é que, este programa é cheio de dificuldades mesmo, cheio de situações que nunca imaginamos passar ou que aqui no Brasil não passaríamos, e que a "grandiosidade" da coisa é isso mesmo! É estar dentro da situação, entrar em pânico por alguns segundos, respirar fundo, olhar o lado positivo da coisa (que por mais chato ou ruim que seja, sempre existe algo divertido para se ver, algo bom para se aproveitar, lado positivo para se focar) e achar a solução.

Até quando a casa pega fogo, podemos nos focar na possibilidade de reconstruir tudo do zero mesmo e ainda comprar todos os móveis novos!! Olha que coisa boa! Imagina "se livrar" daquele sofá que tem 10 anos e está cheio de buracos e manchas?! Ou ainda daquela cama ainda de solteiro que sua mãe comprou quando você tinha apenas 3 anos de idade com um colchão de 18 anos de idade que só aguenta até 60 kilos?!

É com os problemas que nos focamos nas soluções, e quanto mais criativas elas forem (as soluções, é claro!) melhor!

Evelise Hubner